quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

CORREDOR

o tempo persegue a vida
como o gato atrás do rato
mortificado com a certeza
de que em algum momento
não vai ter pra onde fugir
os dias explodem na cara
como bombas rádio relógio
que fazem até os olhos cegos
verem o que está por vir e
relaxarem ao perceberem que
não vai ser nada fácil
as horas vão ficando menores
a cada instante respirado
e mesmo o teu salto alto
anunciando a tua distância
no eco do corredor
faz a gente entender
que viver é a única loucura
em que podemos acreditar

fev. 2008

THRILLER


Semana passada completaran-se 25 anos do lançamento do álbum Thriller, de Michael Jackson. Ler esta notícia no jornal me lançou num flash back instântaneo ao momento em que com o LP nas mãos, vibrando de alegria com o presente dado pela Tia Julieta, uma amiga de minha mãe, eu fui correndo vestir um colete vermelho de nylon para logo em seguida ensaiar os passos mágicos de Michael diante do espelho. Billy Jean estourando na vitrola. A sensação que esse cara passava era algo único... ele me fez acreditar realmente que eu poderia aprender aqueles passos tipo "andando para trás". Tudo o que eu descobri de música negra na minha vida veio depois deste disco e embora nunca tenha aprendido os passos "andando para trás" que me fascinavam consegui guardar o disco durante 25 anos da minha vida. Isso me emociona embora não saiba porquê ao certo... além do mais ver no que esse cara se transformou me faz pensar em como realmente eu também devo estar hoje, quero dizer, no que a gente se trasnforma depois dos anos... não saberia dizer se estou pior ou melhor embora saiba obviamente que mudei. e só... mas as expectativas e os sonhos viram outra coisa 25 anos depois e talvez sobre só um pequeno traço do que fomos se o que sonhamos foi realmente verdadeiro, desejado na sua forma mais pura... sei lá.
De qualquer maneira escrevo este post ao som de Billy Jean só para ter certeza de que este disco, este sim! continua a mesma coisa.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Despedida em Cocconings


Chego ao último final de semana da peça Cocconings. Acho que foi a experiência que mais me aproximou do teatro profissional, digo isso de mim, obviamente, porquê todo mundo do espetáculo é profissa do teatro há um bom tempo já. Enfim, foi muito boa esta temporada de três meses no Ruth Escobar... passei por uma grande galera. Além dos suspeitos de sempre, Gabriel Pinheiro, Marcelo Montenegro (um dos poetas brasileiros contemporâneos mais foda que eu já li) e o graaaaande Walter Figueiredo, vulgo Batata. Cara ponta firmíssima. Homem e ator gentil... fico com saudade dessa galera pensando que não teremos mais as noites dos finais de semana pra sermos aquelas figuras que povoam a mente do Marião Bortolotto. O Marião é bom... pra cacete porra! Interpretar um personagem escrito por ele foi uma responsa boa de assumir... descobrir as nuances, mergulhar nas referências. Du caralho! Teve ainda a Fabi, a Samya, a Mari... mulheres e atrizes incríveis... lindas. O Robocop, ator, operador se som e luz e professor de geografia. Grande parceiro de cena... sempre enchendo o saco. Figuraça... valeu Alessandro "Robocop" Bartel... ou "robots", a forma carinhosa que inventei de chamar esse cara pra mim.
Todo esse bá blá emocional pra divulgar o último final de semana da peça e servir de desculpa pra eu, de uma vez por todas, botar este blog no ar.
Valeu meu povo! Até a próxima...

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

MATAR OU MORRER

Acordo nesta terça com a sensação de que as mudanças estão sendo lentas... as perspectivas se apresentam mas minha paciência é preguiçosa demais pra me deixar em paz. Então "pinduro" mais um café com pão de queijo e vejo a conta do Café Floresta crescer mais uns digitozinhos. Foda-se: "devo não nego, pago quando puder" reza o dito não é mesmo? Além do que juntando-se ao café tem também a locadora onde nem dou mais as caras... estou a dois meses sem locar filmes, e tem também os amigos credores, embora esses não tenhamos tanta pressa em pagar.
Domingo, saindo para o espetáculo, intencionei tomar um café curto e "pindurar" com a desculpa de acertar tudo na semana mas ao me aproximar do lugar vislumbrei de rabo de olho o dono da locadora tomando o seu café do outro lado do balcão (pra quem não sabe, a locadora fica na galeria do edifício onde moro). Porra, não tive a manha de parar e pedir um cafézinho fiado com um credor olhando pra minha cara do outro lado do balcão... passei reto sabendo que ele tinha me visto. Que situação...
O que faz um homem sem grana? Ou ele mata ou ele morre, não é isso? Pois é... resolvi fazer este blog porquê escrevendo talvez eu vá matando. Aos poucos...

sábado, 16 de fevereiro de 2008


Abro espaço aqui para divulgar o trabalho de dois novos autores que fazem parte desta nossa geração. Javier Conterras e Vinicius Pinheiro, jornalistas e conterrâneos da baixada santista. Juntos publicaram o livro "Plínio Marcos: a crônica dos que não tem voz" de onde este que vos fala sacou nada mais nada menos do que a crônica "O Telepata", adaptada para as telas, com roteiro do próprio Javier, no curta homônimo que em breve estará disponível no youtube e neste blog.
Este segundo livro, O Roteirista, é o primeiro romance do Vini. Tive a oportunidade de ler e devo confessar que me empolguei com a possibilidade de trasformá-lo em filme. A história gira em torno de um estudante de cinema que trabalha numa farmácia ao mesmo tempo em que escreve "o grande roteiro" para ser filmado na facu. O lance é que tudo não passa de uma grande farsa que vai tomando proporções na medida em que o enredo avança. Escrito num misto de linguagem estrutural de um roteiro de cinema com literatura pop é um livro que vale a pena. Leiam antes que eu o trasforme num filme.

BOXE (continuação)

15/02/2008
bom, depois da luta das garotas o restante dos combates foram bem mornos. foi então que veio a 9˚ luta da noite. o andré já tinha me cutucado um pouco antes chamando a atenção para o negro de luvas brancas que se aquecia no canto esquerdo da quadra, Alex era o lutador da academia que estreava naquela noite. Concentrado ele soca as mãos de seu preparador focando jabs e cruzados, disparando alguns diretos surpresa de vez em quando. aquele cara prometia uma boa luta se tivesse a sorte de pegar um bom adversário. quando o narrador anunciou o desafiante não imaginei que aquele lutador de são vicente, um mulato alto e meio franzino na aparência fosse apresentar maiores problemas. bem, vou dizer que ele tentou e em alguns momentos até surpreendeu... até o cruzado de direita de Alex no 2˚ round. foi uma porrada clássica. o protetor bucal do adversário foi cuspido pra longe. ele cambaleou pra esquerda e o público foi ao delírio. eu pirando na catarse enquanto o juiz fazia a contagem e dava a luta por encerrada por nocaute técnico no 2˚ round.e devo adiantar aqui que foi o único nocaute da noite.
cogitei ir embora logo depois que o andré voltasse de cumprimentar os caras da academia pela vitória mas algo me fez esperar novamente. estava curtindo demais toda aquela porradaria e achei que esperar por mais duas lutas não seria nenhum problema. o décimo combate poderia não ter existido de tão horrível que foi com um lutador representando o jabaquara atlético clube de santos mais parecendo um rôbo esquizofrênico repetindo diretos e jabs de forma mecânica.foi tão escroto que nem lembro do adversário do cara. se esse combate teve algum sentido o único que me ocorre é a extrema oposição que o separou da última luta da noite.
quando eu vi subindo no ringue um garoto forte, entre 23 e 25 anos, moreno com um charme de boxer boa pinta e do outro lado da lona vi um sujeito atarracado com um ar de seus trinta e tantos anos, o queixo enterrado na cara, o pescoço quase sumindo entre os ombros perecia que eu estava diante de um puta clichezão. O gongo soa e o sujeito atarracado, que na hora dedeco apelidou de quasímodo, parte como um boi louco pra cima do garotão boa pinta. ele se esquiva um bom número de vezes adotando uma postura meio arrogante no início do combate que continuou com quasímodo desferindo socos que nem louco, jogando tudo o que tinha naqueles três rounds que eram o resumo de toda a sua vida. acho que o público, de uma forma totalmente inconsciente entendeu o que estava acontecendo e entrou num furor de torcida por quasímodo. ele sentiu o momento e praticamente desabando de exaustão sobre o adversário continuava socando.parecia o próprio rock balboa. o garoto defendia mas não conseguia encaixar nada, se intimidou a ponto de só defender e esquivar sem ao menos se aproveitar do contragolpe. se fudeu. vitória por pontos de quasimodo, que ajoelhou e agradeceu aos céus levando todos nós a um delírio supremo. ainda consegui registrar um último momento antes de partir. desolado no seu canto o garoto boa pinta parecia não acreditar que havia perdido. seus olhos e boca se contraíram num quase choro. eu me senti grande quando saí dali... acho que deveria agradecer ao quasimodo. valeu quasimodo! eu ganhei um momento mas a noite quem levou foi você.
ok... depois de horas a internet voltou por aqui. acho que foi o temporal de ontem... fuertíssimo, fuertíssimo. Peguei o chuvaral nervoso saindo do metrô república. eu e dedeco torres ficamos na esquina da são luis, em frente a banca de jornal, só vendo o ventão bater e arrastando a cortina d'água pela avenida enquanto algumas pessoas tentavam encarar a tormenta com esses guarda chuvas vagabundos de 5 mangos que os camelos vendem na porta do metrô. o tiozinho da banca ficava gritando pra elas; "não vai não! tá muito forte! quando fica assim ele bate os 80 kilometros!". eu olhei pro dedeco e ficamos imaginando se aquele vento batia mesmo nos 80 kilometros... bom, só teve um jeito de provar. atravessando a são luís deu pra ver que era um tanto exagerado o alarde em torno da ventania, embora ela estivesse longe de ser fraca assim como a chuva que terminou de ensopar nossas roupas asssim que chegamos do outro lado da avenida. tive que dar um pique até o copan que morreu nos últimos 300 metros do trajeto. continuei andando lembrando daquele episódio do mitybusters que provou que correr debaixo de chuva só faz você se molhar mais ainda...
a falta de fôlego me remeteu a minha experiência anterior ao temporal. horas antes eu estava acompanhando um programa de 11 lutas de boxe amador no ginásio baby barioni na barra funda. o convite partiu do andré que queria fazer um social com os caras da academia onde ele está treinando, um dos lutadores da academia iria estrear naquela noite. seria a 9˚ luta do programa, quando chegamos ainda presenciamos o fim da 2˚ luta. sentamos em umas cadeiras dispostas ao redor do ringue. a mesa de jurados a nossa frente, o locutor anunciando a vitória por pontos do lutador de capecete azul de uma agremiação de santo amaro. aplausos entusisamados dos, no máximo, 200 expectadores que acompanhavam as lutas. dedeco foi falar com o pessoal da roldan (a academia que ele frequenta) enquanto eu me ajeitava na cadeira abrindo uma garrafihna de água gelada. a terceira luta da noite iria se iniciar, o narrador apresenta os lutadores que me escapam a atenção porquê vejo se aquecendo em um outro canto da quadra uma garota, luvas em punho, um conjunto verde água de short e camiseta regata com uma malha preta por baixo. mulata com cabelos pretos, no máximo uns 18 anos. ela parecia tensa mas feliz enquanto saltitava no mesmo lugar. voltei meus olhos pro ringue, uma confusão de socos se emaranhavam em busca de um lugar ao sol. não havia estilo naqueles lutadores embora não exista esporte com mais estilo do que boxe. de qualquer maneira meu interesse ficou com a jovem lutadora que ainda se aquecia no canto da quadra, vê-la ali me gerou uma expectativa de ver sua luta.
O três rounds que cada luta compreendia passam rápidos quando vistos do lado de fora do ringue, muito diferente pra quem está em cima dele. aguentar três minutos de porrada sem ter pra onde fugir não deve ser nada fácil mas mesmo assim os lutadores da 2˚ luta, ao soar o terceiro gongo anunciando o final, pareciam inteiros e pouco empolgados. acho que sacaram que tinham feito uma luta de merda. Na sequência o narrador anuncia a única luta feminina da noite, no meio da algazarra e com o som do alto falante estourando eu mal consigo auvir o nome das lutadoras. só consigo entender que uma delas (a que eu havia reparado anteriromente) é de santo andré. o juiz fala com uma de cada vez em seus respectivos córners, só neste moemnto percebo a outra lutadora. uma garota negra, aspecto franzino e um conjunto de short e camisa regata vermelhos. elegi-a como a desafiadora... a outra já era minha preferida desde o primeiro instante em que a vi. O juiz vai até ela para se certificar de que está tudo em ordem e neste momento ela deixa escapar um sorriso de menina ansiosa. ali, naquele exato instante eu senti que aquela luta não seria a dela... três rouds depois o narrador anuncia a vitória por pontos (como a maioria das lutas da noite) da garota negra de conjunto vermelho. eu estava me sentindo bem, poderia sair dali e tomar uma cerveja e fumar um cigarro e ir dormir feliz. mas preferi continuar...

fim primeira parte (continua)
12/02/2008

certo, certo. vamos continuar com essa história de blog... falando direto aqui do ar condicionado da ludofilmes após um breve e singelo almoço em casa. sempre que como em casa me dou conta do desperdício de grana que é comer na rua, impressionante! tudo bem que estou dizendo isso num momento de pressão financeira que tem me obrigado ao exercício de cozinhar em casa nas últimas semanas, mas é nessas horas que alguma (pelo menos) suposta verdade vem a tona. contabilizando os 100 mangos que recebi no último sábado como parte da bilheteria mensal da peça "Cocoonings" começei a fazer as contas sabendo que na perspetiva da semana essa seria a única grana que iria existir na minha vida até o próximo sábado. descobri que o planejamento da minha vida precisa ser semanal, e comecei a prática estabelecendo esta relação através da grana. escolhi a grana porquê acho que é a única coisa que mantém uma relação com o que é real hoje em dia... qualquer merda hoje se reduz a equação "de quanto você dispõe no bolso para fazer o que você acha deve ser feito". Acho que dá pra explicar melhor através dessa minha conta: R$100.00 divididos por 7 dias da semana vira aproximadamente R$14.30 por dia... dá pra viver num país como o nosso mas fica um pouco mais difícil numa cidade como são paulo. vejam bem, eh uma comparação que faço com o estilo de vida que eu levo (que está a anos luz da real miséria que vive a maioria) mas é onde posso me balizar da forma mais dialética possível. voltando aos números: num cálculo tacanho sobre a minha verdadeira( leia-se "normal") relação custo/ dia chego a um valor aproximado de R$30.00 onde, pro meu espanto, eu concluo que mais de 90% segue pra gastos com comida de rua. ora, o certo seria então que eu me concientizasse de que a grana que economizo comendo em casa me proporcionaria beber nas ruas ou ir a alguns filmes na semana ou me matricular na academia de boxe (r$ 50.00/mês) onde eu poderia passar três dias da semana socando sacos de areia e pulando corda... admitamos: para quem não tem o que fazer é uma perspectiva e tanto. mas mesmo um miojo com um ovo frito em cima ou uma salada de alface, tomate e cebola com umas salsichas cozidas não são o bastante (caralho, não são mesmo porra!) e no fim das contas o melhor mesmo é nunca estar satisfeito porquê só isso pode fazer a diferença agora.ainda mais que aqueles 100 mangos de sábado já se transformaram nos R$61,00 desta terça-feira quente.

início

ok amigos! tenho que confessar que a total falta do que fazer e absoluta urgência em ter algo a dizer me movem nesta aventura de tentar escrever (e administrar, ou seja, escrever de novo) este blog. começo com um convite que só vou fazer oficialmente depois de ter postado algo minimamente interessante pra vocês poderem ler. até agora só me ocorreram lamurias... mas aguardem! de repente eu começo a fazer uma verdadeira devassa na minha vida e conte tudo pra vocês... uow!